terça-feira, 24 de julho de 2007

O ciúme




Todos os músculos se retraem
E todos os sentidos se aguçam
Os nervos se assanham
Os pêlos se eriçam
Os vasos se contraem, dolorosamente
Nesse processo que é pura carne e puro crime
Agulhadas de vodu...
De ti para ti mesmo
Recriação vil da felicidade alheia
Famigeração egoísta dessa alegria...
Como não sentí-lo e não se sentir mesquinho?
Como não deixar essa enxurrada de reações tão violentas quanto verdadeiras
te invadir e te aprisionar?
Como se privar desse sorriso sórdido que vangloria tua própria desgraça e redime tua raiva?
O ciúme te tornas humano como eu
Ainda que não queiras
Te remete a tua mortalidade e te revela pecador contra ti mesmo
O ciúme te é necessário
Porque dele renasces e dele te livras
E nessa renovação de ânimos e dores
Tu te forteleces, te reergues, te reencontras...
Deixa emergir teu eu mais ingrato e mais cínico
Porém mais doce e mais frágil
E infinitamente mais fácil de se amar que teu antigo eu

13/06/07

Um comentário:

  1. prefiro.não.comentar.
    mas.passei.aqui.pra.citar.
    impossível.evitar
    adoro.esse.jeito.de.amar!
    =**

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